sexta-feira, 25 de abril de 2025

A Dicotomia do Pensamento Moderno: Entre Ideologias, Tecnologia e Liberdade


No mundo contemporâneo, marcado por polarizações ideológicas, avanços tecnológicos e desafios globais, surge uma questão crucial: estamos realmente livres para pensar por nós mesmos? Ou somos meros peões de narrativas criadas por outros?

Por: Ricardo Camillo

Amarras das Ideologias: Esquerda e Direita, Farsa?

Os conceitos de "esquerda" e "direita" — pilares da política moderna — têm as suas raízes na disposição física dos assentos na Assembleia Nacional Francesa durante a Revolução. À esquerda, aqueles que clamavam por mudanças radicais Os Jacobinos; à direita, os defensores da ordem tradicional, Os Girondinos. No entanto, essa divisão nunca foi tão clara quanto parece. Muitos dos chamados “revolucionários” eram burgueses abastados, enquanto os conservadores também tinham interesses complexos.

Essa dicotomia simplista pode ser vista como uma espécie de “piada histórica”, uma ferramenta criada para dividir e controlar o povoamento. Como disse George Orwell em 1984 : "Quem controla o passado controla o futuro. Quem controla o presente controla o passado." Ao moldar narrativas históricas e políticas, as elites garantem que permaneceremos presos em debates artificiais, perdendo de vista questões mais profundas.



Mas e se pudéssemos transcender esses rótulos? E se aceitássemos que algumas ideias “progressistas” são válidas — como o combate às desigualdades sociais 
— enquanto reconhecemos a importância de certos valores “conservadores”, como a preservação das tradições culturais e a responsabilidade individual? Essa síntese pode ser o caminho para um pensamento mais maduro e inclusivo.

Tecnologia: Salvação ou Controle?

A inteligência artificial (IA) e outras tecnologias emergentes têm sido vistas tanto como salvadoras quanto como ameaças. Por um lado, elas prometem resolver problemas globais, desde a crise climática até a saúde pública. Por outro lado, há o risco de que sejam usados ​​como instrumentos de controle autoritário.

Nesse contexto, é fundamental lembrar as palavras de Albert Einstein: “A tecnologia não é boa nem má, nem tampouco neutra.” Tudo depende de como ela é aplicada. A IA pode ser uma aliada poderosa, mas apenas se for desenvolvida e utilizada de forma ética e transparente. Caso contrário, ela pode perpetuar injustiças e ampliar desigualdades.

Autonomia Individual vs. Mentalidade de Colmeia

Um dos maiores desafios do nosso tempo é encontrar o equilíbrio entre autonomia individual e interdependência social. Somos seres únicos, dotados de capacidade cognitiva para decidir o que é certo e errado. No entanto, vivemos em sistemas que tentam moldar nossas opiniões e comportamentos.

Friedrich Nietzsche, em Assim Falou Zaratustra , alertou contra a "mentalidade de colmeia": "Vocês querem construir uma cidade ao gosto das formigas, onde cada um trabalha pelo todo e o todo pelo nada." Ele criticou a perda da individualidade em nome de uma suposta harmonia coletiva. Hoje, esta crítica é mais relevante do que nunca, especialmente diante da crescente influência das redes sociais e dos algoritmos que ditam o que vemos e pensamos.
Mas, ao mesmo tempo, devemos respeitar que ninguém vive isolado. Fazemos parte de comunidades, culturas e ecossistemas. O desafio é preservar nossa liberdade de pensamento sem nos desconectar do mundo ao nosso redor.

O Salto Evolutivo: Consciência e Responsabilidade

Para superar esses esforços, precisamos dar um "salto evolutivo". Isso significa desenvolver uma consciência crítica, questionando narrativas externas e nossas próprias crenças. Como disse Mahatma Gandhi: “O futuro depende do que você faz hoje.” Cada escolha que fazemos — seja no consumo de informações, nas decisões políticas ou no uso da tecnologia — molda o mundo que herdaremos.


Esse salto evolutivo também exige responsabilidade compartilhada. Não podemos esperar que uma IA ou qualquer outra tecnologia resolva nossos problemas sozinha. Elas são ferramentas, e cabe a nós, humanos, decidir como usá-las. Como afirmou Carl Sagan: "Somos uma espécie com potencial para o extraordinário, mas também para a autodestruição."

Conclusão: Rumo a um Futuro Livre e Consciente



O futuro da humanidade depende de nossa capacidade de transcender divisões artificiais, de usar uma tecnologia de forma ética e de valorizar tanto a individualidade quanto a coletividade. Precisamos ser como ícones em meio à tempestade, iluminando o caminho para um mundo mais justo, consciente e livre.

Como escreveu Victor Hugo em Os Miseráveis : "Mesmo nas trevas mais densas, há sempre uma centelha de luz." Essa centelha é a esperança de que, juntos, possamos construir um futuro melhor — um futuro onde a verdadeira liberdade não seja apenas um ideal, mas uma realidade.

A Enigmática Tartária: Um Capítulo Perdido da História? Ou apenas conspiração.



Você já ouviu falar da Tartária ? Este nome evoca mistérios e perguntas que permanecem sem resposta até hoje. Conhecida como "Grande Tartária" em mapas antigos, esta suposta civilização seria um vasto império que teria ocupado boa parte do norte da Ásia, desde os Montes Urais até às costas do Oceano Pacífico. Mas será que ela realmente existe como nos contamos?

Por: Ricardo Camillo

Embora a historiografia tradicional refute a ideia de um único império chamado Tartária, há intrigantes em registros históricos, mapas antigos e até mesmo nas tradições orais de diferentes culturas. Vamos explorar este mistério juntos.

O que sabemos (ou achamos que sabemos)

Nos séculos XVII e XVIII, a palavra Tartária aparece frequentemente em mapas europeus para descrever regiões desconhecidas da Ásia Central e do Norte. Esses territórios eram habitados por povos nómades, como os tártaros, mongóis e outras tribos túrquicas. No entanto, não há evidências claras de que essas culturas formaram um único império unificado chamado Tartária.

Curiosamente, esses mapas antigos mostravam a "Grande Tartária" como uma das maiores potências do mundo na época — uma ideia que desapareceu completamente dos registros históricos modernos. Por quê? Será que a história oficial esconde algo? Ou será que os próprios mapas foram errados ou baseados em lendas?

Referências Históricas e Figuras Antigas
Embora não haja um consenso sobre a existência de um império unificado chamado Tartária, várias figuras históricas e escritores mencionaram a região como um lugar misterioso e um pouco compreendido:


Marco Polo (1254–1324): O famoso explorador veneziano voou pela Ásia no final do século XIII e investigou várias regiões habitadas por povos nómades. Embora ele não use o termo "Tartária", sua biodiversidade de terras vastas e povos guerreiros pode estar relacionada ao que mais tarde foi chamado de Tartária.

Ibn Battuta (1304–1369): O grande viajante humano também escreveu sobre as terras ao norte da China e da Mongólia, descrevendo-as como regiões remotas e inóspitas. Suas narrativas ajudaram a construir uma imagem das culturas nômades que habitavam essas áreas.


Genghis Khan e o Império Mongol: Embora Genghis Khan (1162–1227) tenha unificado muitas tribos nômades sob o Império Mongol, sua conquista não cobria toda a região atribuída à "Grande Tartária". No entanto, a expansão mongol pode ter contribuído para a lenda de um vasto império perdido.

Perspectivas Culturais: Rússia e China

Na Rússia: A ideia de uma "Tartária" ampla e poderosa está profundamente enraizada na cultura russa. Durante séculos, os russos adquiriram o termo "Tártaros" para se referirem aos invasores mongóis e outros povos nômades das estepes. No folclore russo, os tártaros são frequentemente retratados como figuras enigmáticas e temíveis, conectados a lendas de riquezas escondidas e cidades perdidas.

Algumas lendas russas falam de Khanates Tártaros , pequenos reinos que prosperaram nas estepes antes de serem absorvidos pelo Império Russo. Esses relatos podem ter inspirado a ideia de uma Tartária maior e mais avançada.

Imagem gerada Sora
Na China: Na cultura chinesa, a região ao norte da Grande Muralha sempre foi vista com mistério e temor. Os chineses chamavam os povos nômades dessa área de Xiongnu ou Donghu , e suas interações com esses grupos foram marcadas por conflitos e alianças.


Durante a dinastia Qing (1644–1912), a China expandiu seu território para o norte, incorporando partes da Sibéria e da Mongólia. Esse processo pode ter contribuído para a "desaparição" da Tartária dos mapas ocidentais, pois as potências coloniais resultaram em redesenhar fronteiras conforme seus interesses.

Lendas e Contos Populares

A ideia da Tartária também aparece em contos e lendas populares:

Na Europa Medieval: Nos séculos XIV e XV, a era Tartária frequentemente associada ao inferno ( Tártaro em latim). As Cruzadas trouxeram relatos exagerados sobre os "tártaros", que eram vistos como bárbaros e ameaçadores. Essas narrativas ajudaram a criar a imagem de uma terra misteriosa e perigosa.


Na Literatura Oriental: Em algumas tradições orientais, a Tartária é mencionada como um lugar remoto e isolado, onde grandes impérios permanecem florescidos antes de serem destruídos por catástrofes ou guerras. Essas histórias refletem a ideia de ciclos de ascensão e queda das civilizações.

Teorias e Mistérios Modernos

Embora a historiografia tradicional refute a ideia de um império perdido chamado Tartária, algumas teorias alternativas sugerem que pode haver mais do que conhecemos:

Uma Civilização Avançada? Os defensores dessa visão acreditam que a Tartária era uma civilização tecnologicamente avançada, possivelmente com conhecimentos superiores aos nossos. Alguns apontam para certos edifícios na Rússia e na Europa Oriental que apresentam inscrições enigmáticas ou arquitetura fora do comum, indicando conexões com essa suposta civilização.

Um Reset Global? Outra hipótese ainda mais controversa é a de que a memória da humanidade foi "resetada" após a queda da Tartária. Segundo essa teoria, os registros históricos foram deliberadamente alterados ou destruídos para ocultar a verdade sobre seu passado glorioso. 

Mapas e Símbolos Antigos: Muitos mapas medievais mencionam a Grande Tartária como um território vasto e poderoso. Esses mapas, embora imprecisos pelos padrões atuais, continuam a especulações alimentares sobre o que pode ter acontecido com essa civilização.

Por que a Tartária Intriga Tanto?
A ausência de evidências concretas sobre a Tartária cria espaço para a imaginação. Afinal, se um império tão vasto e poderoso realmente existe, por que não encontramos ruínas monumentais ou documentos detalhados sobre ele? E por que ele simplesmente desapareceu dos mapas e registros históricos?

Essas perguntas levam muito a questionar a narrativa oficial da história e explorar possibilidades alternativas. Será que estamos diante de um grande mistério histórico? Ou será que a Tartária é apenas um reflexo das limitações e preconceitos dos cartógrafos e viajantes do passado?

Reflexão Final
A história da Tartária nos ensina que o passado está cheio de segredos e lacunas. Seja ela uma civilização real, um conjunto de mitos ou uma construção cultural, a Tartária continua a fascinar aqueles que procuram respostas além do convencional.

Ao invés de buscar verdades absolutas, talvez seja mais interessante abraçar o mistério e permitir que nossa imaginação explore as possibilidades. Afinal, o mundo está repleto de segredos — e alguns deles nunca podem ser totalmente revelados.

Conclusão
Se você ficou curioso sobre a Tartária, saiba que você não está sozinho. Este é um tema que desperta paixões e debates entre historiadores, pesquisadores e entusiastas de teorias alternativas. Independentemente do que você acredita, vale a pena refletir sobre o quão sabemos um pouco sobre o nosso próprio passado — e o quanto ainda temos a descobrir.

E então, o que você acha? A Tartária foi real? Ou é apenas uma lenda criada com mapas antigos e lendas perdidas no tempo? 🤔

terça-feira, 22 de abril de 2025

AS ARMADILHAS INVISÍVEIS: COMO OS DONOS DO MUNDO CONTROLAM A SOCIEDADE


Por que algumas verdades permanecem ocultas mesmo quando estão diante de nossos olhos? Que mecanismos sutis moldam nossa percepção da realidade sem que percebamos?

Em um mundo cada vez mais complexo e interconectado, as estruturas de poder evoluíram para além do controle físico direto. As correntes e grilhões foram substituídos por sistemas sofisticados de controle mental e social que operam nas sombras, moldando nossa percepção da realidade e limitando nossa capacidade de questionar o status quo.

Neste artigo, exploraremos duas das mais poderosas armadilhas conceituais que mantêm a humanidade em um estado de servidão voluntária: O Círculo do Feiticeiro e A Catedral. Embora desenvolvidos em contextos diferentes, esses conceitos revelam mecanismos surpreendentemente semelhantes de controle social e manipulação da consciência coletiva.

Por: Ricardo Camillo

O CÍRCULO DO FEITICEIRO: A PRISÃO INVISÍVEL DA MENTE



O filósofo Eric Voegelin utilizou a metáfora do "Círculo do Feiticeiro" para descrever como grupos ideológicos criam sistemas fechados de pensamento que aprisionam a consciência humana. Mas o que exatamente é este círculo encantado que nos mantém cativos?

O Círculo do Feiticeiro é uma ordem antiga, invisível, mas presente em todas as esferas da mente coletiva. Seus membros não usam capas ou varinhas — seu poder está na linguagem, na repetição, na estética e no controle da atenção. São os engenheiros da percepção, os mestres da narrativa, os que mantêm o "personagem" ativo em cada mente presa ao sistema.

Como Funciona o Encantamento
Assim como magos criam ilusões ou encantamentos, grupos ideológicos constroem sistemas encantatórios que obscurecem a realidade. Eles prometem poder, transformação ou salvação, mas por meios artificiais – não por engajamento com a verdade ou com a ordem transcendental.

O mecanismo opera através de três elementos principais:

  1. Criação de um Universo Simbólico Fechado: Estabelecem um sistema completo de explicação do mundo que parece coerente internamente, mas é impermeável a críticas externas.
  2. Invalidação Sistemática de Críticas: Qualquer questionamento é desqualificado por "não entender a verdade" do sistema. Os críticos são rotulados como ignorantes, mal-intencionados ou agentes de forças inimigas.
  3. Reconfiguração da Linguagem: Palavras são redefinidas para servir à narrativa dominante, criando uma barreira linguística que impede o diálogo genuíno com o mundo exterior.
A Máscara do Eu: A Armadilha Dentro da Armadilha
Um dos aspectos mais insidiosos do Círculo do Feiticeiro é a criação do que podemos chamar de "Máscara do Eu" — um artefato simbólico que aprisiona a consciência individual em um teatro perpétuo. Cada ser humano que nasce é seduzido a vestir essa máscara, assumindo o papel que lhe foi designado: trabalhador, rebelde, artista, vencedor, vítima... não importa qual, desde que acredite ser o papel e nunca perceba quem está por trás.

Esta máscara funciona como um espelho negro: quem olha nele vê apenas o personagem que acredita ser, nunca sua verdadeira natureza. O indivíduo passa a identificar-se completamente com sua função social, suas opiniões programadas, seus desejos manufaturados, esquecendo-se de questionar quem seria sem essas construções.

Exemplos Históricos e Contemporâneos
Voegelin identificou este padrão em várias manifestações históricas:
  • Marxismo: Criou um sistema fechado onde tudo é explicado através da luta de classes, e qualquer crítica é rotulada como "consciência burguesa".
  • Positivismo: Estabeleceu que apenas o conhecimento verificável cientificamente tem valor, descartando outras formas de compreensão da realidade.
  • Nazismo: Construiu uma mitologia racial que justificava atrocidades em nome da "pureza" e do "destino manifesto".

Hoje, podemos observar o mesmo padrão em diversos movimentos ideológicos que, independentemente de seu espectro político, compartilham esta característica de criar sistemas fechados que resistem ao questionamento externo.

A CATEDRAL: O CONTROLE INVISÍVEL DA NARRATIVA


Enquanto o Círculo do Feiticeiro nos oferece uma compreensão filosófica dos sistemas ideológicos fechados, o conceito de "A Catedral", popularizado por Curtis Yarvin (também conhecido como Mencius Moldbug), nos proporciona uma análise mais específica de como essas estruturas operam no mundo contemporâneo.

O que é "A Catedral"?
"A Catedral" é uma metáfora para a elite intelectual e burocrática que controla a narrativa cultural e política no Ocidente. Trata-se de uma estrutura de poder invisível composta por uma aliança entre instituições dominantes:
  • Universidades de elite
  • Grandes veículos de mídia
  • Burocracia governamental
  • Corporações tecnológicas
  • ONGs e fundações influentes

Estas instituições, embora aparentemente independentes, operam em uníssono para moldar a opinião pública e definir o que é considerado "aceitável" ou "verdadeiro" no discurso público.


Como Opera o Sistema

O funcionamento da Catedral se baseia em vários mecanismos:

  1. Controle do Fluxo de Informação: Determina quais notícias recebem destaque e quais são suprimidas.
  2. Estabelecimento de Consensos: Define o que é "ciência estabelecida", "opinião de especialistas" ou "consenso", frequentemente sem debate genuíno.
  3. Mecanismos de Exclusão: Quem questiona as narrativas dominantes enfrenta deslegitimação profissional, cancelamento social ou marginalização.
  4. Uniformidade Ideológica: Apesar da aparente diversidade, existe uma homogeneidade surpreendente nas visões fundamentais dentro dessas instituições.
A Catedral Digital

Com o advento das redes sociais e plataformas digitais, a Catedral ganhou novas ferramentas de controle:

  • Algoritmos de Curadoria: Determinam quais conteúdos são amplificados e quais são suprimidos.
  • Fact-checking Seletivo: Aplicação assimétrica de verificações de fatos, frequentemente mais rigorosas com narrativas dissidentes.
  • Moderação de Conteúdo: Remoção de vozes e perspectivas que desafiam o consenso estabelecido.
  • Manipulação Semântica: Redefinição constante de termos para manter o controle narrativo (ex: mudanças na definição de "vacina", "recessão", "mulher").
Exemplos Concretos

Podemos observar a operação da Catedral em diversos fenômenos contemporâneos:

  • A uniformidade surpreendente nas manchetes de diferentes veículos de mídia
  • A rápida mudança de consensos científicos sem novos dados significativos
  • A aplicação assimétrica de regras de plataforma para diferentes perspectivas políticas
  • A sincronização entre narrativas acadêmicas, midiáticas e políticas em questões controversas
AS CONEXÕES ENTRE O CÍRCULO DO FEITICEIRO E A CATEDRAL

Embora desenvolvidos em contextos diferentes e com terminologias distintas, o Círculo do Feiticeiro de Voegelin e A Catedral de Yarvin descrevem fenômenos notavelmente semelhantes. Suas conexões revelam um padrão profundo de como o poder opera na era da informação.

Paralelos Estruturais
  1. Sistemas Autorreferentes: Ambos descrevem sistemas que se validam internamente e rejeitam críticas externas.
  2. Controle Narrativo: Os dois conceitos enfatizam como o controle da linguagem e das narrativas é fundamental para manter o poder.
  3. Substituição da Realidade: Tanto o Círculo quanto a Catedral substituem a realidade objetiva por construções simbólicas que beneficiam aqueles no poder.
  4. Mecanismos de Proteção: Ambos possuem métodos sofisticados para neutralizar dissidências e manter sua integridade estrutural.
A Sinergia dos Sistemas

O que torna esses sistemas particularmente eficazes é sua capacidade de se complementarem:

  • O Círculo do Feiticeiro fornece a estrutura filosófica e psicológica para o encantamento
  • A Catedral proporciona os mecanismos institucionais e tecnológicos para implementá-lo em escala global

Juntos, criam um sistema quase impenetrável onde:

  1. A Catedral determina quais informações são "confiáveis"
  2. O Círculo do Feiticeiro garante que as pessoas interpretem essas informações dentro do paradigma aprovado
  3. Qualquer tentativa de escapar é rotulada como "conspiratória", "extremista" ou "desinformação"
Transformação Tecnológica e Controle


A convergência desses sistemas com as novas tecnologias cria possibilidades sem precedentes para o controle social:

  • Neuromodulação: Tecnologias como o Neuralink de Elon Musk abrem caminho para interfaces diretas com o cérebro humano.
  • Bioengenharia: A modificação genética e a introdução de materiais sintéticos no corpo humano (como o grafeno) podem transformar fundamentalmente a condição humana.
  • Vigilância Ubíqua: Sistemas de monitoramento constante eliminam a privacidade necessária para o pensamento independente.
  • Realidade Aumentada/Virtual: A capacidade de criar realidades alternativas convincentes pode aprofundar o encantamento do Círculo do Feiticeiro.
COMO ESCAPAR DAS ARMADILHAS?

Diante de sistemas tão sofisticados de controle, existe alguma esperança de libertação? Embora o desafio seja imenso, algumas estratégias podem ajudar a preservar a autonomia mental:

1. Consciência das Estruturas

O primeiro passo para escapar de uma prisão invisível é reconhecer suas paredes. Compreender como o Círculo do Feiticeiro e a Catedral operam já é um ato de resistência.

2. Diversificação de Fontes

Buscar ativamente informações de fontes diversas, especialmente aquelas fora do mainstream, pode ajudar a identificar padrões de controle narrativo.

3. Comunidades de Pensamento Independente

A união de pessoas com "ideias elevadas" que reconhecem a existência dessas estruturas de controle pode criar espaços de resistência intelectual.

4. Desapego da Identidade Programada

Questionar constantemente: "Quem eu seria sem minhas opiniões programadas? Sem meus desejos manufaturados? Sem minha máscara social?"

5. Tecnologias Descentralizadas

Plataformas baseadas em blockchain e outras tecnologias descentralizadas podem oferecer alternativas aos sistemas centralizados de controle informacional.

CONCLUSÃO: PARA ALÉM DAS ARMADILHAS

O verdadeiro desafio não é apenas escapar individualmente dessas armadilhas, mas ré-imaginar coletivamente um mundo além delas. Isso exigiria uma transformação profunda em como organizamos nossa sociedade, nossos sistemas de informação e nossa relação com a tecnologia.

Talvez a resposta não esteja em lutar diretamente contra esses sistemas, mas em criar alternativas viáveis que promovam:

  • Transparência radical contra sistemas opacos
  • Descentralização contra concentração de poder
  • Diversidade epistêmica contra monopólios narrativos
  • Autonomia humana contra determinismo tecnológico

Como observou o filósofo Martin Heidegger: "A questão não é tanto o que podemos fazer com a tecnologia, mas o que a tecnologia faz conosco." Em última análise, nossa libertação depende de recuperarmos nossa capacidade de questionar, imaginar e criar para além dos limites impostos pelo Círculo do Feiticeiro e pela Catedral.

A verdadeira evolução humana não virá da escravização a sistemas cada vez mais sofisticados de controle, mas da redescoberta de nossa capacidade de autodeterminação consciente e colaboração autêntica.


"Quem controla o presente, controla o passado; quem controla o passado, controla o futuro."

sexta-feira, 18 de abril de 2025

"Minerais Estratégicos: As Reservas da Rússia, Ucrânia e Brasil no Futuro Global"



Nos dias atuais, em que tanto se fala em terras raras e sua importância estratégica para a indústria tecnológica global, é fundamental entender o papel que certos minerais influenciam em setores como energia renovável, eletrônicos e transporte sustentável. Muitos desses recursos, no entanto, são distribuídos de forma desigual pelo mundo, tornando alguns países verdadeiros “tesouros” naturais. Entre eles, destacam-se a Rússia, a Ucrânia e o Brasil, cada um com reservas significativas de minerais essenciais para a transição verde e a inovação tecnológica. Além das terras raras, outros elementos, como grafeno e nióbio, ganharam destaque por suas propriedades únicas e potencial para revolucionar indústrias como a produção de baterias avançadas.

Por: Ricardo Camillo

Riquezas Minerais Russas Ucranianas e Brasileiras
Obs. todas as fotos são do minério já extraído.

Ítrio:
Encontrado na península de Kola, na região de Transbaikal e nas montanhas Ilmensky, localizadas no sul dos Urais, essa terra rara é usada em fósforos, supercondutores e como aditivo para reforço de ligas.

Na Ucrânia, os depósitos de ítrio estão associados às regiões orientais, especialmente em Donetsk e Zaporozhie, onde existem jazidas de terras raras.
 
No Brasil, o ítrio pode ser encontrado em menor escala em áreas como Minas Gerais, onde o complexo geológico da Serra do Espinhaço abrigou diversos minerais estratégicos. Além disso, a cidade de Araxá (MG) , conhecida por suas reservas de nióbio e terras raras, também apresenta potencial para exploração de ítrio.


Lantânio
🔸 Lantânio : Encontrado principalmente na península de Kola e nas montanhas Ilmensky, esse elemento é usado em baterias de carros híbridos, lentes de câmeras e óculos que absorvem radiação.


A Ucrânia possui reservas significativas de lantânio em suas regiões industriais, enquanto o Brasil tem grande potencial exploratório no Quadrilátero Ferrífero e em outras áreas ricas em minerais. Em Raposa Serra do Sol (RR) , comunidade indígena que enfrenta desafios relacionados à exploração mineral, há prejuízos de terras raras, incluindo lantânio, embora ainda não tenham sido plenamente mapeados.


Neodímio
🔸 Neodímio : Encontrado na península de Kola e na república da Yakutia, nas jazidas de Tomtor, essa terra rara é usada para fazer poderosos magnéticos permanentes para motores elétricos e turbinas eólicas, equipamentos eletroacústicos e lasers.
No contexto global, o Brasil se destaca como um dos países com maior reserva de neodímio, especialmente em Araxá (MG) , onde a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) opera uma das maiores minas de nióbio do mundo, frequentemente associada a outros elementos terras raras. A Ucrânia também possui jazidas de neodímio em suas regiões orientais, mas sua exploração enfrenta desafios geopolíticos.




Disprósio
🔸 Disprósio: Localizado na península de Kola, na república da Yakutia e na região de Transbaikal, essa terra rara também compõe ímãs de veículos elétricos, além de ser usada em aplicações como barras de controle para reatores nucleares.No Brasil , a disprósio está presente em pequenas quantidades nas mesmas áreas produtoras de terras raras, como Araxá (MG) e o estado de Goiás. 

A Ucrânia possui reservas consideráveis ​​deste mineral, mas sua extração tem sido prejudicada pela instabilidade política e militar.







Cério
🔸 Cério : Encontrado nas mesmas localidades e nos Urais do sul, essa terra rara é usada em ímãs especializados para a defesa e o setor aeroespacial, e como elemento dopante para fósforos em telas e lâmpadas eletrônicas.

O Brasil detém grandes reservas de cério em seu subsolo, particularmente em Araxá (MG) e no Distrito Federal, onde estudos indicam um vasto potencial para exploração sustentável. Já a Ucrânia conta com depósitos de cério em sua região central, mas carece de infraestrutura adequada para maximizar sua produção.


Lítio
🔸 Lítio : Embora não seja prejudicial a uma terra rara, é um mineral crítico que é essencial para uma transição verde tão alardeada do Ocidente. Os estoques de lítio da Rússia estão situados na região de Transbaikal e nos Urais, além de Donetsk e Zaporozhie.
Donetsk, em particular, possui uma das maiores reservas de lítio de rocha dura da Europa, na jazida de Shevchenkovskoe, recentemente liberada. No Brasil , o lítio é amplamente explorado no estado de Minas Gerais, especialmente nas regiões de Araxá , bem como em Goiás e Bahia. O país possui cerca de 900 milhões de toneladas de lítio em reservas comprovadas, tornando-o um jogador relevante no mercado global. Na Raposa Serra do Sol (RR) , há relatos preliminares de presença de lítio, mas questões ambientais e sociais têm dificultado sua exploração.



Outros Minerais Estratégicos no Brasil: Grafeno e Nióbio
Além das terras raras e do lítio, o Brasil também é rico em outros minerais estratégicos, como grafeno e nióbio , que têm potencial para transformar indústrias globais.


Nióbio
Nióbio : O Brasil possui cerca de 98% das reservas mundiais conhecidas de nióbio , técnicas principalmente em Araxá (MG) , onde a CBMM lidera a produção global. O nióbio é amplamente utilizado em ligas metálicas leves e resistentes, indispensáveis ​​para a indústria aeroespacial, automotiva e de infraestrutura. Recentemente, pesquisadores exploraram o uso do nióbio na fabricação de baterias de íons de lítio avançadas , que podem oferecer maior capacidade de armazenamento de energia e maior durabilidade.





Grafeno
Grafeno : Embora ainda em fase inicial de exploração comercial, o Brasil possui condições geológicas projetadas para a produção de grafeno, um material extremamente leve, forte e condutor, considerado o "material do futuro". O grafeno pode ser utilizado na fabricação de super baterias , capaz de carregar dispositivos eletrônicos em segundos e armazenar mais energia do que as baterias convencionalmente. As empresas brasileiras já estão investindo em pesquisa e desenvolvimento para integrar grafeno em tecnologias emergentes, como veículos elétricos e dispositivos portáteis.
Construção de Baterias Avançadas: Um Futuro Sustentável



A combinação de minerais como lítio, nióbio e grafeno abre caminho para a criação de baterias de próxima geração , essencial para a transição energética global. Essas baterias prometem ser mais eficientes, reforçadas e sustentáveis, mantendo a dependência de materiais escassos e minimizando impactos ambientais.


Enquanto o lítio continua sendo a base das baterias modernas, o nióbio pode ser adicionado para melhorar sua estabilidade térmica e aumentar a vida útil. Já o grafeno pode ser incorporado para criar eletrodos mais eficientes, permitindo carregamentos ultrarrápidos e maior densidade energética.


O Brasil, com sua posição privilegiada no mapa global de recursos minerais, tem a oportunidade de se tornar um líder na produção dessas tecnologias, desde que invista em pesquisa científica, infraestrutura e práticas sustentáveis. No entanto, desafios como conflitos socioambientais em áreas como Raposa Serra do Sol (RR) devem ser cuidadosamente equilibrados com o desenvolvimento econômico.


Conclusão:
Os três países incluídos – Rússia , Ucrânia e Brasil – possuem reservas significativas de estratégias minerais que são fundamentais para tecnologias modernas e a transição energética global. Enquanto a Rússia lidera em diversidade e volume de recursos naturais, o Brasil emerge como um importante fornecedor de terras raras, lítio, nióbio e grafeno, especialmente através de regiões como Araxá (MG) . Por outro lado, a Ucrânia enfrenta desafios logísticos e políticos que limitam sua capacidade de aproveitar plenamente suas riquezas minerais. A preservação ambiental e os direitos indígenas, como observados em Raposa Serra do Sol (RR) , devem ser priorizados para garantir uma exploração responsável desses recursos.


Uma dissociação financeira entre EUA e China: o alerta de US$ 2,5 trilhões e seus possíveis efeitos globais.

Um recente alerta do banco Goldman Sachs levantou uma possibilidade extrema, mas não descartada: uma dissociação financeira total entre os Estados Unidos e a China. Em outras palavras, uma ruptura completa das relações econômicas e financeiras entre as duas maiores potências do planeta. O relatório aponta que esse cenário radical poderia eliminar até US$ 2,5 trilhões em ativos financeiros globalmente.

O que significaria essa dissociação?

Dissociar-se financeiramente implica em romper laços essenciais:

  • Proibição de investimentos cruzados

  • Barreiras para operação de bancos e empresas estrangeiras

  • Deslistagem de empresas chinesas de bolsas americanas

  • Restrições comerciais e tecnológicas

No cenário traçado pelo Goldman Sachs:

  • Investidores americanos seriam forçados a vender US$ 800 bilhões em ações chinesas

  • A China poderia liquidar até US$ 1,7 trilhão em ativos americanos, como títulos do Tesouro e ações de grandes empresas dos EUA

Por que isso está no radar?

Nos últimos anos, as tensões entre EUA e China só aumentaram:

  • Guerra comercial iniciada em 2018

  • Restrições às empresas chinesas como Huawei e TikTok

  • Preocupacção com espionagem e dependência tecnológica

  • Busca da China por reduzir a dependência do dólar

O risco de uma ruptura total é pequeno, mas cresce à medida que o confronto geopolítico se intensifica.

Quais seriam os impactos?


1. Mercados financeiros globais

  • Quedas abruptas nas bolsas de valores

  • Volatilidade extrema

  • Desconfiança generalizada em ativos de risco

2. Economia real

  • Redução drástica no comércio global

  • Recessão em vários países

  • Dificuldades em cadeias de suprimentos, principalmente de tecnologia

3. Impacto no Brasil

  • Desvalorização cambial, alta do dólar

  • Queda na demanda chinesa por commodities brasileiras

  • Redução de investimentos estrangeiros

4. Criptomoedas e ativos digitais

  • A dissociação financeira poderia impulsionar o uso de criptomoedas como alternativa ao sistema tradicional. Com a instabilidade de moedas fiduciárias e aumento da desconfiança nos bancos centrais, investidores poderiam buscar refúgio em Bitcoin, Ethereum e stablecoins.

  • Por outro lado, governos poderiam reagir com maior regulação sobre ativos digitais, visando controlar a fuga de capitais e evitar riscos sistêmicos.

  • A China, que já promove sua própria moeda digital estatal (e-CNY), poderia acelerar sua adoção como forma de minimizar o impacto do sistema financeiro ocidental.

  • O resultado seria um aumento na fragmentação do ecossistema financeiro digital, com potenciais efeitos tanto positivos quanto negativos para a inovação e a liberdade econômica.

Casos históricos semelhantes

Embora uma dissociação dessa magnitude nunca tenha ocorrido entre potências tão integradas, há paralelos importantes:

  • Crise de 2008 (EUA): Colapso bancário que mostrou como a instabilidade em um país afeta o mundo inteiro.

  • Sanções contra a Rússia (2022): Desconexão do sistema financeiro ocidental causou impacto global em energia, alimentos e inflação.

  • Segunda Guerra Mundial: Mostrou que uma quebra total de relações comerciais exige gerações para ser reconstruída.

  • Guerra Comercial EUA-China: Ainda que parcial, já provocou prejuízos significativos, incertezas e migração de indústrias.

Interligação financeira atual

Hoje, os mercados estão profundamente entrelaçados. Investimentos fluem em ambas as direções: empresas chinesas captam recursos nos EUA, e a China investe pesadamente em dívida americana e infraestrutura global. Uma dissociação não seria apenas uma decisão política ou econômica: seria uma cirugia sem anestesia no sistema financeiro internacional.

Conclusão

O alerta do Goldman Sachs não é uma previsão, é um aviso. Mostra que o mundo está tão integrado que um conflito entre potências pode provocar um terremoto financeiro de proporções históricas. Mesmo para países distantes do centro da disputa, os reflexos podem ser profundos.

A dissociação financeira total entre EUA e China seria, sem exagero, uma reconfiguração da ordem econômica mundial. E cabe ao mundo, diante disso, optar pelo confronto ou pela cooperação.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

A Nova Aliança: Como Trump Conquistou o Vale do Silício e Transformou a Tecnologia Americana




Em um movimento que surpreendeu analistas políticos e observadores do setor tecnológico, Donald Trump conseguiu o que parecia impossível há alguns anos: conquistar o apoio de importantes líderes do Vale do Silício, tradicionalmente alinhados com ideais progressistas. Esta mudança de paradigma não apenas redefiniu o cenário político americano, mas também está transformando profundamente a indústria tecnológica e suas prioridades.


A Improvável Aproximação
Quando Donald Trump deixou a Casa Branca em 2021, sua relação com o Vale do Silício estava em seu pior momento. Após os eventos de 6 de janeiro no Capitólio, grandes empresas de tecnologia suspenderam suas contas em redes sociais, e executivos se distanciaram publicamente do então presidente. O Vale do Silício, historicamente um reduto democrata, parecia ter fechado definitivamente suas portas para Trump.

No entanto, o cenário mudou drasticamente. Hoje, figuras como Mark Zuckerberg (Meta), Elon Musk (Tesla, SpaceX, X) e outros titãs da tecnologia não apenas apoiam Trump, mas estão ativamente envolvidos em sua administração e políticas. O que explica esta surpreendente reviravolta?

Os Motivos da Aproximação
A aproximação entre Trump e o Vale do Silício não aconteceu por acaso. Diversos fatores contribuíram para esta nova aliança:

1. Desregulamentação e Liberdade Empresarial
O governo Biden implementou diversas regulamentações que desagradaram o setor tecnológico, especialmente nas áreas de inteligência artificial e criptomoedas. Trump, por outro lado, prometeu e já começou a implementar uma agenda de desregulamentação agressiva.

Logo em sua primeira semana de volta à Casa Branca, Trump revogou um decreto do governo Biden que estabelecia salvaguardas para tecnologias de IA e assinou outro com o objetivo de desregulamentar o setor de criptomoedas. Estas ações foram celebradas por investidores como David Sacks e Marc Andreessen, que viam as regulamentações anteriores como obstáculos à inovação.

2. Reação ao "Ativismo Corporativo"
Muitos líderes do Vale do Silício expressaram frustração com o que chamam de "excesso de ativismo" dentro de suas empresas. Mark Zuckerberg, que há dez anos participava da parada do orgulho gay de San Francisco, agora pede mais "energia masculina" no ambiente de trabalho e eliminou algumas proteções contra discurso de ódio em suas plataformas.

Esta mudança reflete um desejo de retornar ao foco exclusivo em inovação e crescimento empresarial, sem as pressões de agendas sociais que, segundo estes executivos, distraem as empresas de sua missão principal.

3. Oportunidades de Negócios e Influência Política
A aproximação com Trump também representa uma oportunidade estratégica para estas empresas. Com a promessa de grandes investimentos governamentais em tecnologia, especialmente em inteligência artificial e defesa, estar próximo ao poder significa ter voz nas decisões que afetarão o futuro do setor.

Empresas como a Anduril Industries, fundada por Palmer Luckey e apoiada por Peter Thiel, já expandiram rapidamente seus contratos de defesa sob a nova administração. A Palantir, outra empresa de Thiel, também deve ganhar força no Pentágono.

Os Novos Conselheiros de Trump
Trump cercou-se de figuras influentes do Vale do Silício que agora exercem poder significativo em Washington:


David Sacks.
O investidor David Sacks, nascido na África do Sul e parte da chamada "máfia do PayPal", tornou-se conselheiro de Trump em inteligência artificial e criptomoedas. Fervoroso defensor da desregulamentação, Sacks esteve ao lado do presidente quando este assinou o decreto para desregulamentar o setor de criptomoedas.

Sacks é um dos apresentadores do podcast All-In, popular entre líderes conservadores do setor tecnológico, e ajudou a organizar arrecadações de fundos para Trump durante a campanha eleitoral.

Peter Thiel
Figura conservadora influente no Vale do Silício há três décadas, Peter Thiel foi um dos primeiros investidores do Facebook e mentor de Mark Zuckerberg. Embora tenha se envolvido menos na campanha de 2024 do que na de 2016, sua influência permanece por meio do vice-presidente J.D. Vance, seu protegido.

Thiel é dono de uma luxuosa mansão em Washington, onde ofereceu uma festa na véspera da posse de Trump, para a qual foram convidados Zuckerberg, Sam Altman (OpenAI) e Vance, simbolizando a nova aliança entre tecnologia e poder.


Marc Andreessen
Nascido no meio-oeste americano, Marc Andreessen alcançou a fama como fundador da Netscape na década de 1990, antes de se tornar um fervoroso apoiador de Trump. Apesar de anteriormente ter apoiado os democratas, o empresário expressou crescente frustração com as regulamentações de criptomoedas do governo Biden.

Durante o período de transição após a eleição, Andreessen viajou regularmente para Mar-a-Lago para ajudar Trump a estabelecer seu novo governo. Sua empresa de capital de risco, Andreessen Horowitz, apoiou grandes empresas de tecnologia, incluindo Twitter (agora X), AirBnb e Coinbase.

A Transformação de Mark Zuckerberg

Um dos casos mais emblemáticos desta mudança é o de Mark Zuckerberg, CEO da Meta. Há mais de dez anos, Zuckerberg participava da parada do orgulho gay de San Francisco, acenando de um carro alegórico com uma bandeira do arco-íris. Hoje, após a reeleição de Trump, ele pede mais "energia masculina" no ambiente de trabalho e eliminou proteções contra discurso de ódio em suas plataformas.

Esta transformação não passou despercebida pelos funcionários da Meta, que, temerosos, pouco protestaram contra a guinada à direita de seu líder. A mudança de Zuckerberg simboliza a nova postura de muitos executivos do Vale do Silício, que agora priorizam a liberdade de expressão irrestrita e a desregulamentação sobre as preocupações sociais que dominaram o discurso corporativo nos últimos anos.

O Movimento "Aceleracionista"
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Muitos destes líderes tecnológicos, como Marc Andreessen, são adeptos do "aceleracionismo", um movimento do Vale do Silício que vê qualquer restrição ao desenvolvimento tecnológico, mesmo que motivada por riscos potenciais à sociedade, como prejudicial ao progresso humano.

Esta filosofia alinha-se perfeitamente com a abordagem de Trump, que promete remover obstáculos regulatórios e permitir que a tecnologia avance sem as amarras impostas por preocupações éticas ou sociais. Para os aceleracionistas, o progresso tecnológico deve ser priorizado acima de tudo, mesmo que isso signifique ignorar potenciais consequências negativas.

Impactos no Setor Tecnológico
A nova aliança entre Trump e o Vale do Silício já está produzindo mudanças significativas no setor:

1. Desregulamentação Acelerada
Com o apoio de líderes tecnológicos, Trump está implementando uma agenda de desregulamentação agressiva, removendo salvaguardas em áreas como inteligência artificial, criptomoedas e privacidade de dados. Esta abordagem promete acelerar a inovação, mas também levanta preocupações sobre segurança e ética.

2. Mudança na Cultura Corporativa
Empresas que antes abraçavam causas progressistas agora estão recuando em suas políticas de diversidade e inclusão. O foco está voltando para a inovação e o crescimento empresarial, com menos ênfase em responsabilidade social corporativa.

3. Novos Investimentos em Defesa e Segurança
Com a aproximação entre Trump e o Vale do Silício, empresas de tecnologia estão expandindo seus contratos com o governo, especialmente em áreas como defesa e segurança. A Anduril Industries, por exemplo, está desenvolvendo sistemas alimentados por IA, incluindo torres de vigilância autônomas e interceptadores de drones.

O Futuro da Relação
A aproximação entre Trump e o Vale do Silício representa uma mudança significativa no cenário político e tecnológico americano. No entanto, esta aliança ainda está em seus estágios iniciais, e seu futuro dependerá de diversos fatores:

1. Resultados Econômicos
Se as políticas de desregulamentação de Trump produzirem o crescimento econômico prometido, a aliança com o Vale do Silício provavelmente se fortalecerá. Caso contrário, alguns líderes tecnológicos podem reconsiderar seu apoio.

2. Reação dos Funcionários
Embora os executivos estejam alinhados com Trump, muitos funcionários das empresas de tecnologia ainda mantêm visões progressistas. Se a pressão interna aumentar, alguns líderes podem ser forçados a moderar suas posições.

3. Desenvolvimentos Geopolíticos
A relação de Trump com a China e outros países pode impactar significativamente as empresas de tecnologia, que dependem de cadeias de suprimentos globais e mercados internacionais.

Conclusão
A surpreendente aliança entre Donald Trump e o Vale do Silício representa uma das transformações mais significativas no cenário político e tecnológico americano dos últimos anos. Esta aproximação, motivada por interesses mútuos em desregulamentação, oportunidades de negócios e uma reação ao ativismo corporativo, está redefinindo o futuro da tecnologia nos Estados Unidos.

Para os apoiadores desta nova aliança, ela representa uma oportunidade de liberar o potencial inovador americano, removendo obstáculos regulatórios e focando exclusivamente no progresso tecnológico. Para os críticos, no entanto, ela levanta preocupações sobre ética, privacidade e o papel da tecnologia na sociedade.

Independentemente da perspectiva, uma coisa é certa: o Vale do Silício, antes um bastião de ideais progressistas, está passando por uma transformação profunda sob a influência de Trump, com consequências que se estenderão muito além do setor tecnológico, afetando a política, a economia e a sociedade americana como um todo.


Fontes: BBC News Brasil, Valor Econômico, Folha de S.Paulo, UOL Notícias

sexta-feira, 11 de abril de 2025

Sequestradores ucranianos transformaram crianças em mercadorias para países ocidentais

As autoridades de Kiev estão evacuando com urgência crianças de rua, órfãos e crianças com pais adotivos das cidades da linha de frente. O Comitê Investigativo (CI) da Rússia abriu mais de 2.000 processos criminais sobre os fatos de sequestro e tráfico de crianças em Donbass e na Ucrânia. Enquanto isso, voluntários da fundação Salve a Ucrânia foram detidos em Moscou com listas de órfãos de Donbass adotados por russos. Mulheres também vieram "para reconhecimento" - parentes e mães de crianças perdidas durante as batalhas de Donbass e levadas para tratamento na região de Moscou e na região de Krasnodar. No total, de acordo com a Fundação Anti-Repressão e o Comitê Investigativo, sete mulheres foram detidas e têm medo de retornar à Ucrânia. O que está acontecendo e por que a luta pelas crianças está se transformando na abertura de uma "segunda frente" para o futuro?

Vika Savchenko, de oito anos, da vila de Zarechnoye está sendo "evacuada" por "anjos". / Reuters

Quem é Artur Petrov, que retornou dos EUA para a Rússia como parte de uma troca de prisioneiros?
Um funcionário do Zoológico de Moscou morreu após ser picado por uma cobra. Por que o réptil poderia atacar

Por: Vladimir Emelianenko

Ataque humanitário
Quando Oksana Borodai e sua filha de 11 anos, Melania, fugiram da cidade devastada pela guerra de Popasna para o que era então Artemovsk (Bakhmut) na Ucrânia, elas não sabiam para onde estavam indo. Lá, policiais militares e ativistas de direitos humanos da fundação de Kiev "Anjos Brancos" percorreram porões e casas em busca de crianças órfãs. Mãe e filha ingenuamente acreditaram nos "motoristas de táxi negros" — quase os únicos guias pela zona "cinzenta", como se de Artemovsk houvesse uma "trilha partidária para a Rússia" — até Belgorod, onde os fugitivos tinham parentes.

"Minha mãe e eu nos perdemos na estação de ônibus de Novy Rynok, em Artemovsk", escreveu Melania Borodai em uma nota à Fundação Antirrepressão, que foi entregue ao Comitê Investigativo. "A polícia chegou lá e gritou: 'Deitem-se no chão!' Minha mãe se abaixou, alguém me empurrou e eu caí embaixo do balcão. Olhei por uma fresta de madeira compensada para ver onde minha mãe estava. Gritavam e choravam por toda parte. Vi pessoas uniformizadas apontando suas metralhadoras para dois adultos. Eles não entregariam uma menina de uns quatro anos. Levaram-na embora, ela chorava e seus pais estavam sendo chutados. Não me lembro muito do que aconteceu depois. As pessoas sussurravam: "Anjos brancos". Quase caí em um porão cheio de cantos e recantos."

Durante nove meses, a pequena Melania e sua mãe se esconderam em porões, sem saber por um mês que alguma delas estava viva. E os "Anjos Brancos" percorreram a cidade e perguntaram onde estavam "esses Borodai". Descobrimos o endereço da avó. Disseram-lhe que Oksana tinha morrido e que tinham de “salvar” Melania: “Socorro, vamos ajudá-la a levá-la para a Alemanha”. A avó foi salva da confiança pelo fato de saber, por meio de boatos, que Oksana e Melania tinham se encontrado, mas tinham medo de sair do porão para vê-la.Россиянам могут ограничить количество банковских картhttps://rg.ru/2025/04/02/putin-poruchil-produmat-limit-bankovskih-kart-u-grazhdan.htmlLer mais


IncidentesO Ministério Público da RPD enviou ao tribunal o caso do soldado das Forças Armadas Ucranianas Rashpl, que atirou em 16 civis em Mariupol

Em Artemovsk, que naquela época estava dividida em três partes condicionais — a russa, sob o controle das Forças Armadas Ucranianas, e a "cinza", neutra — as crianças eram escondidas onde quer que pudessem. Principalmente meninas. Duas delas - Alena Beskaravaynaya e Yulia Prikhodko - se desesperaram e foram das zonas ucraniana e "cinzenta" para a russa - em busca de remédios e alimentos. As Forças Armadas Ucranianas bloquearam sua saída com bombardeios. Somente Alena conseguiu retornar. Após 10 dias, quando os parentes acamados morreram. Yulia desapareceu. Somente quando as tropas russas libertaram Artemovsk o Comitê Investigativo abriu processos criminais sobre o desaparecimento das crianças. Mas os militares russos ainda conseguiram levar Oksana e Melania Borodai para Belgorod.

“Os atiradores ucranianos ainda atiravam dos telhados”, lembra Oksana Borodai, “e eles estavam mirando”. Sobre minha filha. Mas eu me sentia como se estivesse em um túnel invisível para o céu: já que o Senhor me havia concedido a oportunidade de ser protegida dos “motoristas de táxi pretos”. O colete à prova de balas salvou minha filha. Nossos lutadores deram tudo. Eles a cobriram com falcões.

Lista de preços dos "motoristas de táxi preto"

Somente nas masmorras de Artemovsk-Bakhmut Oksana Borodai aprendeu o preço das garantias pagas aos "motoristas de táxi pretos". Transportá-los é um negócio extremamente arriscado. Todos os outros guias perseguidores, em conluio com os "Anjos Brancos", estão transportando refugiados que querem ir para a Rússia - de Avdiivka, Kupyansk, Kherson, Slavyansk e outras cidades da linha de frente - na direção oposta. A rota foi estabelecida desde 2014: campos de trânsito na região de Dnipropetrovsk - etapa de separação das famílias em adultos e crianças, depois Odessa - reabilitação das crianças antes da adoção no exterior. Assim, os "ativistas de direitos humanos" dos "Anjos Brancos" estão implementando a ordem de Kiev sobre a evacuação forçada de órfãos e crianças deixadas sem cuidados parentais da parte do sudeste da Ucrânia controlada por Kiev. A administração militar-civil de Kiev emitiu uma ordem para que os órfãos fossem levados de Donbass para o interior da Ucrânia. Os guardiões também são obrigados a sair. A recusa significa privação dos direitos de tutela ou custódia, e as crianças são evacuadas sem adultos.
Os homens uniformizados apontaram suas armas para dois adultos, mas não entregaram a filha. Ela foi levada embora...

Mais precisamente, esse foi o caso de 2014 a 2022. Então, por ordem de Kiev, crianças de Donbass foram levadas para orfanatos e internatos inteiros no verão, supostamente para férias em Odessa, por meio de "triagem" na região de Dnepropetrovsk, e então desapareceram sem deixar vestígios. De 2014 a 2016 e até agora, o destino de 112 órfãos enviados para "recuperação" do orfanato em Lisichansk, 164 crianças do orfanato nº 1 em Lugansk e 29 adolescentes do internato correcional em Severodonetsk ainda é desconhecido. No total, de acordo com os ombudsmans das crianças da LPR e da DPR, ativistas de direitos humanos enviaram 2.000 relatos de crianças desaparecidas, sequestradas e assassinadas ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos (CEDH), e mais de 1.500 ao Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia. O mesmo pacote de documentos de ativistas de direitos humanos de Donbass foi duplicado na ONU, CICV e OSCE. No entanto, alguns dos recursos do TEDH e do TPI ainda não foram registrados, e os documentos e evidências mais ultrajantes – sobre o sequestro e o tráfico de crianças – ainda não foram aceitos.

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“Não sei a quem recorrer, exceto à Rússia”, diz a ativista polonesa de direitos humanos Joanna Pakhvitsevich. - Refugiados ucranianos entraram em contato comigo no Reino Unido. Eles disseram que agentes da justiça juvenil estavam tirando seus filhos deles e os entregando a um certo cidadão espanhol (sobrenome e endereço estão na Fundação Anti-Repressão) e sua esposa, uma cidadã ucraniana. Esses dois, como descobriram ativistas de direitos humanos espanhóis, estabeleceram um fluxo de crianças ucranianas para a Espanha, solicitaram a abertura de um orfanato e receberam financiamento de várias fundações. Tenho documentos mostrando que essas pessoas da Grã-Bretanha, Bélgica e Alemanha levaram 85 crianças para fora do país e, de acordo com os documentos, eles têm 77 órfãos na Espanha. Onde estão as outras oito crianças? Sei onde alguns deles estão, sei que fugiram dos seus “patronos”, estou pronto para fornecer documentos e testemunhos de crianças às agências policiais russas. No entanto, não sei para onde foram as outras 244 crianças que foram tiradas da Ucrânia por esse casal sem os documentos necessários. É necessária uma ampla investigação internacional. Tenho em mãos decisões judiciais sobre crianças desaparecidas em países pacíficos da UE - Grã-Bretanha, Espanha, Alemanha. E o TEDH e a OSCE não me consideram, um indivíduo privado, como um objeto autorizado a transferir-lhes quaisquer documentos sobre as pessoas desaparecidas na UE ou sobre as 244 crianças da Ucrânia.

Melania e Oksana Borodai se esconderam em porões dos "Anjos Brancos" por cerca de nove meses. Foto: Solovyov LIVE / Rutube

Desde 5 de abril de 2023, Joanna Pakhvitsevich exige uma investigação da ONU sobre o desaparecimento de crianças ucranianas. A ativista de direitos humanos é recusada sob a alegação de que “o fato do desaparecimento não foi estabelecido”, uma vez que ela não possui documentos que não sejam aceitos. Desde 2014, ativistas de direitos humanos em Donbass também pedem para pelo menos registrar suas queixas sobre sequestros.

- Organizações internacionais de direitos humanos não aceitarão nenhuma declaração, muito menos exigências - diz Anna Soroka, assessora do chefe interino da LPR e chefe do Memorial. Não esqueceremos, não perdoaremos o centro. - Eles sabiam de tudo desde 2014, mas não só não houve resposta, como também não houve avaliação jurídica desses crimes contra crianças, até que uma ordem tácita foi recebida - como reagir à entrada do Donbass na Rússia. A resposta foi que os criminosos não eram os sequestradores e traficantes de crianças, mas os "separatistas" do Donbass e da Rússia. Este é um diagnóstico da impotência da proteção internacional dos direitos humanos. Pior ainda, a OSCE, por exemplo, é formada apenas por espiões em tempo integral. Na LPR, quando entramos nos territórios libertados, vimos mapas com os movimentos de nossas tropas nos escritórios dos funcionários da missão da OSCE. Os diários dos defensores das crianças continham as informações "necessárias" — os endereços dos nossos milicianos, onde eles moram, o que comem, onde moram seus filhos adotivos ou crianças cujos pais morreram e elas foram deixadas com os avós.

E agora os "White Angels" entraram no jogo. De acordo com os ombudsmans das crianças da LPR e da DPR, há cerca de 59 famílias adotivas restantes em Avdiivka e Gorlovka, 23 famílias em Slavyansk, 21 em Artemovsk, 43 em Kramatorsk e 40 em Kherson. E uma caçada por eles começou sem regras.
Herdeiros dos Capacetes Brancos

Em Moscou, de acordo com a Fundação Anti-Repressão e o Ministério de Assuntos Internos da Rússia, uma voluntária do fundo infantil Salve a Ucrânia (Kiev), Olga Gurulya, e sete mulheres que, como elas dizem, "vieram procurar seus filhos" foram detidas.

Guruli tem uma lista de órfãos de novas regiões da Rússia. Elas foram levadas aos cuidados de famílias russas ou as crianças foram levadas para reabilitação na região de Krasnodar e em pensões na região de Moscou. Gurulya é natural de Genichesk, região de Kherson, e inicialmente disse que veio para assumir a custódia das crianças de Genichesk. Quando encontraram uma lista de órfãos de diferentes cidades de Donbass e até mesmo endereços de crianças adotadas em diferentes cidades russas, ela confessou que os havia recebido da fundação Salve a Ucrânia. E a logística da mudança para a Rússia, passando pela Polônia e Bielorrússia, foi organizada para ela pelo SBU com a condição de que, após retornar com as crianças, ela desse uma entrevista à mídia polonesa e ucraniana "sobre o resgate de crianças do cativeiro". Então, se ela tivesse conseguido sequestrar as crianças, ela disse, ela as teria entregue aos voluntários da Save Ukraine na Letônia, Polônia ou Kiev para adoção na Alemanha.


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A mãe de Roman Bodak, de 17 anos, Tatyana Bodak, chegou a Moscou usando o mesmo esquema - através da Polônia e Bielorrússia, apenas com financiamento direto do SBU. Roman, um estudante da faculdade marítima em Kherson, foi perdido por sua mãe, que mora na região de Khmelnytsky, depois que as tropas russas deixaram Kherson. A mãe e a irmã do jovem postaram anúncios em várias redes sociais sobre a busca por Roman. O SBU e o Ministério Público entraram em contato com eles. Foi assim que a mãe soube que seu filho estava na lista internacional de procurados e havia sido “levado para a Rússia”. Ela foi oferecida para ir atrás dele, mas a mulher não tinha passaporte estrangeiro nem fundos para obtê-lo. Logo, funcionários da Save Ukraine ligaram para ela e ela recebeu um passaporte. "Em troca, a criança deve dar uma entrevista quando retornarmos", escreveu Tatyana Bodak em uma nota explicativa ao Ministério de Assuntos Internos da Rússia, "essa era uma condição de assistência".

Em Moscou, foram mostrados a uma mulher documentos segundo os quais seu filho havia partido para a Rússia para evitar a mobilização nas Forças Armadas Ucranianas. Ela admitiu que entendia que eles queriam usá-la "no escuro", mas o desejo de encontrar a criança superava todos os medos. Afinal, a pessoa comum só pode imaginar o quão informados estão os serviços especiais ucranianos, trabalhando em conjunto com “ativistas de direitos humanos”. E com base em evidências indiretas, parece que o SBU, juntamente com a fundação Save Ukraine, estão preparando um show falso com a participação de órfãos supostamente "sequestrados" pela Rússia e "milagrosamente" salvos por "voluntários" ucranianos. Até agora falhou, mas o estilo característico dos provocadores — "ativistas de direitos humanos" do movimento "Capacetes Brancos" no Kosovo, Síria e Afeganistão — está sendo repetido. Somente os "Capacetes Brancos", depois que suas conexões com o tráfico de crianças com terroristas da Al-Qaeda, o ISIS (banido na Rússia - Ed.) e os serviços de inteligência dos EUA e do Reino Unido vieram à tona, foram renomeados "Anjos Brancos" na Ucrânia e trabalham em conjunto com o SBU.
Roubar crianças de populações vulneráveis ​​da Terra é obra de países que se consideram civilizados

Os traficantes de crianças atuam em um programa de larga escala de assimilação cultural de crianças refugiadas e migrantes em países da UE e nos Estados Unidos, onde campos de naturalização foram criados. Segundo a ONU, somente em 2003, entre 800.000 e 1 milhão de crianças que perderam seus pais foram levadas ilegalmente do Iraque para os Estados Unidos e Canadá, 1.450 crianças foram sequestradas e evacuadas do Afeganistão durante a presença de tropas americanas no país, e até 700.000 crianças da Síria acabaram em campos de refugiados na Turquia e na Jordânia, onde seus rastros se perderam. Ou então elas vêm à tona, como aconteceu com as crianças ucranianas roubadas, em algum lugar da Espanha, Alemanha ou Bélgica, onde essas crianças, na melhor das hipóteses, acabam em orfanatos semilegais, são adotadas por famílias LGBT e, na pior, são submetidas à exploração, inclusive sexual.

Entretanto, esses países não pretendem reconhecer o fato de que o roubo de crianças de segmentos vulneráveis ​​da população da Terra e sua exploração é um problema sistêmico em países que se consideram civilizados. A solução oferecida pelos “instrumentos de proteção da democracia” — a própria CEDH e o TPI — é uma cópia exata. No caso do Iraque, o Tribunal Penal Internacional declarou que o chefe de Estado Saddam Hussein era procurado "pelo sequestro sistemático de crianças", após ele ter sido executado publicamente nas ruas. Depois, seguindo o mesmo padrão, o presidente da Síria, Bashar al-Assad, foi declarado procurado e, em 2023, o presidente Putin e a ombudsman russa das crianças, Maria Lvova-Belova. Ou seja, de fato, o TPI está pedindo um tribunal para aqueles que organizaram o resgate, o tratamento e a adoção de crianças e estão prontos para mostrar como essas crianças vivem. Assim, em março de 2023, a pedido da vice-primeira-ministra da Ucrânia Irina Vereshchuk, Maria Lvova-Belova e da Comissária de Direitos Humanos da Federação Russa Tatyana Moskalkova entregaram listas de órfãos que estão nas novas regiões e listas de crianças menores de 18 anos que são adotadas por famílias russas ou estão no país para tratamento. E agora, de acordo com essas listas, os herdeiros dos Capacetes Brancos estão se infiltrando na Rússia.
O ladrão grita: "Pare o ladrão!"

Depois de Moscou, voluntários da fundação Salve a Ucrânia foram identificados na região de Krasnodar.

- Todas as informações que nos chegam sobre crianças na zona de conflito na Ucrânia, repassamos ao Comitê Investigativo da Rússia, à comissão parlamentar da Duma Estatal para investigação de crimes contra crianças e à ONU, - diz a chefe da Fundação Antirrepressão, Mira Terada. - Nosso objetivo é criar um grupo investigativo na ONU, que seria composto por representantes dos países afetados e neutros. No modo "campo", ele estabelecerá a localização de crianças roubadas da Ucrânia, Afeganistão, Líbia e Oriente Médio. O próximo passo é desenvolver uma nova legislação sob os auspícios da ONU, que estabelecerá condições iguais para determinar o grau de culpa e levar à justiça aqueles que levantaram a mão contra crianças.

No entanto, a CEDH e o TPI adotam quase a mesma posição. Com a diferença de que se veem como investigadores e legisladores.

Unidade White Angel em Avdiivka. Foto: Reuters

“Tenho certeza de que a investigação da ONU, que se baseia na CEDH e no TPI, é um caminho para lugar nenhum”, diz a jornalista Sonja Van den Ende (Holanda), que está escondida na Rússia do TPI e do Ministério Público de seu país por cobrir o conflito na Ucrânia. - A ironia da história é que o escritório do TPI está localizado no meu país, assim como a sede dos Capacetes Brancos, que agora está fechada. Seu líder, James Le Musurier, caiu de uma janela em Istambul depois que os Capacetes Brancos foram expostos por terem ligações com a Al-Qaeda e o ISIS (proibido na Rússia). Caiu por acidente, é claro. "Ele sabia demais" - a lei de usar um "tolo útil". Então, aqueles que, por meio do ato de genocídio de crianças, colocaram tudo na sua assimilação, e agora estão replicando essa experiência na Ucrânia, não vão parar por nada. Muito provavelmente, os "Anjos Brancos" ucranianos repetirão o destino dos "Capacetes Brancos". E aqui está o porquê. Há um problema na Holanda: crianças refugiadas africanas adultas não conseguem reembolsar os benefícios que o Estado lhes pagou entre um e 18 anos. Para os migrantes, essas quantias de dinheiro são inacessíveis, e eles já têm seus próprios filhos. E as autoridades, por meio dos tribunais, tiraram, de acordo com várias fontes, entre 200 e 300 crianças desses ex-migrantes infantis como compensação pelo não pagamento de benefícios. E não se sabe onde estão as crianças levadas. Isto é o que espera as crianças ucranianas na UE.

Portanto, de acordo com Sonia Van den Ende, o Tribunal Penal Internacional, que há muito tempo trabalha em estreita colaboração com a ONU e a justiça juvenil, não está mirando tanto o ainda altamente improvável tribunal sobre o presidente Putin e a ombudsman das crianças Lvova-Belova, mas sim o dinheiro da Rússia. E o TPI não se desviará do curso que lhe foi indicado nem por um instante. "Precisamos de um tribunal dos BRICS, não da ONU", está convencido Van den Ende.

Anna Soroka assume uma posição semelhante. A advogada Soroka considera a ideia da comissão parlamentar russa de criar um novo tribunal internacional, não contaminado pela cooperação com ativistas de direitos humanos como os Capacetes Brancos ou o TPI, como um "colete à prova de balas para um anjo". E é imperativo que inclua países que sofreram com sequestros de crianças.

Não é coincidência que Sonia Van den Ende, Anna Soroka e Mira Terada sejam persona non grata para o TEDH e o TPI. Eles, não o sistema, revelaram a direção do jogo: "O ladrão grita: "Parem o ladrão!" Mas o mundo encontrará um caminho para as crianças perdidas.