domingo, 1 de setembro de 2024

A Imanentização do Eschaton



A expressão "imanentização do eschaton" se refere à tentativa de trazer o juízo final ou a realização do reino de Deus para o presente, em vez de esperar por esses eventos em um contexto transcendente ou após a morte. Esse conceito foi popularizado pelo filósofo Eric Voegelin em sua obra A Nova Ciência da Política , onde ele critica as ideologias modernas que buscam antecipar o que ele considera um estado final da história, ou "eschaton", no mundo material.


Definição e Contexto Voegelin argumenta que a imanentização do escaton é uma falácia teórica, pois implica que uma realização divina pode ser alcançada através de ações humanas e políticas. Ele associa essa ideia ao gnosticismo, que, segundo ele, reemergiu em movimentos políticos do século XX, como o nazismo e o comunismo. A crítica de Voegelin é que essas ideologias tentam criar um "reino terrestre" onde os justos são recompensados ​​e os injustos punidos, desconsiderando a natureza do transcendente e a complexidade da história.
Implicações Teológicas e Políticas A imanentização do escaton tem implicações tanto na teologia quanto na política. Teologicamente, sugere uma crença de que o fim dos tempos pode ser realizado na Terra, semelhante a algumas correntes do pós-milenismo. Politicamente, a frase se tornou um slogan, especialmente entre conservadores, alertando contra a tentativa de tentar criar um paraíso na Terra através de reformas sociais ou políticas que ignoram a realidade da condição humana e a necessidade de um elemento transcendente.Voegelin e outros críticos argumentam que essa abordagem pode levar a ideologias totalitárias, pois busca um controle absoluto sobre a história e a sociedade, ignorando as contingências e a liberdade humana. A busca por um ideal de justiça ou perfeição na Terra, segundo essa visão, pode resultar em consequências devastadoras, pois ignora a complexidade e a imperfeição da vida humana.

Conclusão A imanentização do escaton, portanto, é uma crítica à ideia de que a história pode ser moldada para alcançar um estado final de perfeição por meio de esforços humanos. Essa crítica é relevante tanto no campo da filosofia política quanto na teologia, levantando questões sobre a natureza do tempo, da história e do papel do divino na vida humana.