quarta-feira, 16 de julho de 2025

Quando a Crítica Seletiva Se Torna Conivência com a Tirania

É cada vez mais comum vermos pessoas nas redes sociais, em artigos, em movimentos políticos ou até mesmo em debates acadêmicos, apontando os erros dos Estados Unidos — imperialismo, intervenções militares, desigualdade racial, corrupção política — com razão e veemência. E isso, por si só, não apenas é legítimo, mas necessário. Nenhuma nação, por maior ou mais influente que seja, deve ficar imune à crítica.

No entanto, chama atenção o contraste gritante entre essa postura e o silêncio sepulcral diante das violações de direitos humanos e crimes cometidos por regimes autoritários como a China. Países que, ao invés de serem alvo de críticas, são muitas vezes defendidos, justificados ou até idealizados por setores que se dizem progressistas, antissistêmicos ou defensores da "justiça global".

A China, por exemplo, é uma ditadura comunista que há décadas constrói um sistema político baseado no controle total do indivíduo, na censura absoluta da informação, na perseguição sistemática de minorias étnicas e religiosas, e numa visão nacionalista excludente e racista. Mesmo assim, muitos preferem ignorar esse quadro sombrio e, quando muito, tratam o país como uma alternativa simpática ao modelo ocidental.

💭 Reflexão sobre Racismo

Vamos falar de racismo? Tente ser negro na China. Estudantes africanos e trabalhadores asiáticos relatam constantemente casos de segregação, hostilidade e preconceito racial, especialmente durante crises como a da pandemia, quando muitos foram submetidos a testes abusivos, isolamentos forçados e até deportações arbitrárias. A ideologia Han-centrista promove uma visão de superioridade étnica que marginaliza quem não se encaixa no perfil chinês padrão.

🌍 Invasão de Territórios

E quanto à invasão de territórios? Pergunte a Taiwan, ao Tibete ou a Hong Kong. A China tem sistematicamente anulado acordos internacionais sob o manto da "soberania", sufocando qualquer tentativa de autonomia ou dissidência. Em Hong Kong, rompeu o pacto do "um país, dois sistemas" e calou vozes livres com a Lei de Segurança Nacional. No Tibete, pratica colonização forçada e persegue budistas tibetanos. E quanto a Taiwan? Vive sob ameaça constante de invasão, cercada por manobras militares agressivas vindas do continente.

Enquanto isso, os EUA, apesar de todos os seus erros, ainda funcionam como uma democracia real — onde governos podem ser trocados nas urnas, onde a imprensa investiga e questiona, onde protestos são parte integrante da vida pública e onde as próprias instituições cobram responsabilidades. É claro que os EUA também têm sombras no passado e no presente, mas a diferença fundamental é que ali, a crítica é parte integrante do sistema. Na China, ela é punida com prisão ou morte.

Criticar os erros dos Estados Unidos é justo. Mas idolatrar regimes que negam liberdade de expressão, perseguem minorias e invadem países vizinhos é, no mínimo, contraditório. Isso não é justiça social. É torcida cega. É escolher lados com base em narrativas convenientes, e não em fatos, valores ou dignidade humana.

🎯 Conclusão

O mundo precisa de críticas conscientes, informadas e equilibradas. Não podemos nos contentar com análises parciais que demonizam uns e santificam outros. Quando fechamos os olhos para a opressão por conveniência ideológica, estamos, sim, colaborando com ela. E isso não é resistência. É conivência.

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