sexta-feira, 18 de abril de 2025

Uma dissociação financeira entre EUA e China: o alerta de US$ 2,5 trilhões e seus possíveis efeitos globais.

Um recente alerta do banco Goldman Sachs levantou uma possibilidade extrema, mas não descartada: uma dissociação financeira total entre os Estados Unidos e a China. Em outras palavras, uma ruptura completa das relações econômicas e financeiras entre as duas maiores potências do planeta. O relatório aponta que esse cenário radical poderia eliminar até US$ 2,5 trilhões em ativos financeiros globalmente.

O que significaria essa dissociação?

Dissociar-se financeiramente implica em romper laços essenciais:

  • Proibição de investimentos cruzados

  • Barreiras para operação de bancos e empresas estrangeiras

  • Deslistagem de empresas chinesas de bolsas americanas

  • Restrições comerciais e tecnológicas

No cenário traçado pelo Goldman Sachs:

  • Investidores americanos seriam forçados a vender US$ 800 bilhões em ações chinesas

  • A China poderia liquidar até US$ 1,7 trilhão em ativos americanos, como títulos do Tesouro e ações de grandes empresas dos EUA

Por que isso está no radar?

Nos últimos anos, as tensões entre EUA e China só aumentaram:

  • Guerra comercial iniciada em 2018

  • Restrições às empresas chinesas como Huawei e TikTok

  • Preocupacção com espionagem e dependência tecnológica

  • Busca da China por reduzir a dependência do dólar

O risco de uma ruptura total é pequeno, mas cresce à medida que o confronto geopolítico se intensifica.

Quais seriam os impactos?


1. Mercados financeiros globais

  • Quedas abruptas nas bolsas de valores

  • Volatilidade extrema

  • Desconfiança generalizada em ativos de risco

2. Economia real

  • Redução drástica no comércio global

  • Recessão em vários países

  • Dificuldades em cadeias de suprimentos, principalmente de tecnologia

3. Impacto no Brasil

  • Desvalorização cambial, alta do dólar

  • Queda na demanda chinesa por commodities brasileiras

  • Redução de investimentos estrangeiros

4. Criptomoedas e ativos digitais

  • A dissociação financeira poderia impulsionar o uso de criptomoedas como alternativa ao sistema tradicional. Com a instabilidade de moedas fiduciárias e aumento da desconfiança nos bancos centrais, investidores poderiam buscar refúgio em Bitcoin, Ethereum e stablecoins.

  • Por outro lado, governos poderiam reagir com maior regulação sobre ativos digitais, visando controlar a fuga de capitais e evitar riscos sistêmicos.

  • A China, que já promove sua própria moeda digital estatal (e-CNY), poderia acelerar sua adoção como forma de minimizar o impacto do sistema financeiro ocidental.

  • O resultado seria um aumento na fragmentação do ecossistema financeiro digital, com potenciais efeitos tanto positivos quanto negativos para a inovação e a liberdade econômica.

Casos históricos semelhantes

Embora uma dissociação dessa magnitude nunca tenha ocorrido entre potências tão integradas, há paralelos importantes:

  • Crise de 2008 (EUA): Colapso bancário que mostrou como a instabilidade em um país afeta o mundo inteiro.

  • Sanções contra a Rússia (2022): Desconexão do sistema financeiro ocidental causou impacto global em energia, alimentos e inflação.

  • Segunda Guerra Mundial: Mostrou que uma quebra total de relações comerciais exige gerações para ser reconstruída.

  • Guerra Comercial EUA-China: Ainda que parcial, já provocou prejuízos significativos, incertezas e migração de indústrias.

Interligação financeira atual

Hoje, os mercados estão profundamente entrelaçados. Investimentos fluem em ambas as direções: empresas chinesas captam recursos nos EUA, e a China investe pesadamente em dívida americana e infraestrutura global. Uma dissociação não seria apenas uma decisão política ou econômica: seria uma cirugia sem anestesia no sistema financeiro internacional.

Conclusão

O alerta do Goldman Sachs não é uma previsão, é um aviso. Mostra que o mundo está tão integrado que um conflito entre potências pode provocar um terremoto financeiro de proporções históricas. Mesmo para países distantes do centro da disputa, os reflexos podem ser profundos.

A dissociação financeira total entre EUA e China seria, sem exagero, uma reconfiguração da ordem econômica mundial. E cabe ao mundo, diante disso, optar pelo confronto ou pela cooperação.

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