Você já se perguntou por que tanta coisa absurda vem acontecendo... e mesmo assim o mundo segue com essa calma estranha? Eu tenho pensado nisso. Muito. Talvez seja só impressão, talvez não. Mas algo me parece claro: estamos sendo moldados, programados — aclimatados.
Não com choques bruscos, mas com doses homeopáticas de realidade distorcida. E o nome disso é o que alguns chamam de programação preditiva.
Programação preditiva é a exposição antecipada a eventos negativos ou polêmicos, com o objetivo de reduzir a resistência mental das pessoas quando esses eventos se tornarem realidade.
É como se alguém dissesse: “Mostra isso num filme agora, daqui a alguns anos eles vão achar normal.” E não é teoria de maluco. O nosso cérebro, por pura questão de sobrevivência, busca sempre economia de energia — e se acostumar com o que assusta é uma forma de economizar.
Quer um exemplo simples? Quando você assiste a um filme onde tudo é vigiado, rastreado e monitorado, e os personagens vivem normalmente com isso, seu cérebro interpreta: “bom, talvez seja isso mesmo o futuro”. A ideia é digerida antes de ser servida na vida real.
O absurdo só choca na primeira vez. Depois, ele vira rotina. E o que antes gerava revolta... vira tema de série com final em câmera lenta e trilha sonora bonita.
Veja como as guerras viraram entretenimento, as pandemias viraram parte da grade, a vigilância virou “funcionalidade”. A normalização é silenciosa. Mas está em toda parte.
Às vezes eu me pergunto: por que tantos filmes e séries mostram o colapso da sociedade como algo inevitável? Por que a desgraça vende tanto? Não teria o mesmo alcance se não fosse, no fundo, um treinamento emocional disfarçado?
Assiste “1984”, depois assiste “Black Mirror”, depois liga o jornal. Sente a sequência. Sente a transição. A realidade virou extensão da ficção. Ou talvez a ficção sempre tenha sido um ensaio geral da realidade.
E tudo isso sem que ninguém nos obrigue a nada. A beleza da manipulação bem feita é essa: ela te faz acreditar que o pensamento é seu. Que a escolha é sua. Que a resignação é maturidade.
O que me assusta não é o controle direto. É o controle aceito. A mente que não luta mais. A alma que entrega os pontos por tédio, não por derrota. É ver pessoas justificando a própria submissão com frases prontas: "é assim mesmo", "não adianta reclamar", "tem coisa pior acontecendo".
Mas não. Nem sempre foi assim. Nem tudo precisa ser aceito. Existe algo de revolucionário em simplesmente não se acostumar.
Essa série de textos nasceu disso. De uma inquietação sincera. Não pra doutrinar ninguém — eu mesmo não tenho todas as respostas. Mas quero provocar a dúvida. A dúvida que restaura. A dúvida que acorda.
Porque quando tudo ao nosso redor é construído pra nos convencer a aceitar... desconfiar é um ato de liberdade.
E essa é só a primeira matéria. Nas próximas, quero falar sobre a religião (sem atacar a fé de ninguém), sobre o uso de valores espirituais como instrumento de obediência, e também sobre como a cultura pop tem sido um belo anestésico coletivo.
🎬 Para ir além:
- They Live (1988) – Um homem encontra óculos que revelam mensagens subliminares escondidas em propagandas, outdoors e rostos. Uma metáfora crua sobre como somos manipulados sem saber.
“Eles vivem, nós dormimos.” - Meu Jantar com André (1981) – Dois homens jantando e conversando por quase duas horas. E ainda assim, é um dos diálogos mais filosóficos e provocantes do cinema.
“As pessoas realmente pensam que estão vivendo, mas na verdade estão apenas sobrevivendo.” - Matrix (1999) – Nem precisa explicar muito. Mas vale rever sob outra ótica: não como ficção, mas como alerta.
“Você aceita o mundo como ele é porque está muito confortável para questioná-lo.” - Equilibrium (2002) – Um mundo onde emoções são proibidas. Pessoas tomam remédios para não sentir nada. E a paz é garantida pela ausência total de sentimento. Soa familiar?
- O Show de Truman (1998) – E se a sua realidade inteira fosse fabricada? E se todos ao seu redor fossem parte do script? Truman não sabia... até começar a desconfiar.
No próximo texto: vamos olhar para a Bíblia — não para questionar a fé, mas para entender como certos ensinamentos podem ser (e foram) usados para domesticar multidões.
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